Donos de e-commerces apostam em outras opções de entrega

Quase metade dos e-commerces considera o serviço dos Correios ruim ou péssimo. Isso tem forçado o setor a procurar outras opções de logística.

O custo do frete e a demora na entrega tem preocupado os donos de pequenos e-commerces. Uma pesquisa feita em 2017 pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) mostrou que 92% dos e-commerces brasileiros usam o PAC – serviço de entrega econômica disponibilizado pelos Correios.

Entretanto, de 2005 para cá, aumentou muito a insatisfação com os Correios – quase metade dos e-commerces considera o serviço ruim ou péssimo. Isso tem forçado o setor a procurar outras opções de logística. Uma delas é a retirada em pontos de entrega.

O empresário Sven Milharcic é dono de um e-commerce especializado em banners. O produto é feito em uma fábrica em São Paulo. O cliente compra pela internet e deveria receber em casa. Mas nem sempre o prazo de entrega é cumprido. “O cliente fica bravo e acha que a culpa é nossa. Mas a culpa é dos Correios que atrasam, nós não interferimos”, explica.

E esse não é um problema isolado. Segundo pesquisa feita pela ABComm o principal problema enfrentado por pequenos e-commerces no Brasil é o atraso na entrega. “O e-commerce tá fazendo a parte dele. O consumidor quer comprar e receber, o e-commerce paga impostos. Manda entregar o produto e quando entrega através do correio, ele decide que é área de risco e não vai entregar”, relata Carlos Alves, da ABComm.

Por e-mail, os Correios disseram que adotam procedimentos diferenciados para entrega de encomendas e que também levam em conta o histórico de delitos cometidos contra os Correios naquela região. Quando os Correios consideram uma área de risco, o consumidor recebe uma notificação e tem que buscar a encomenda em uma agência.

E-commerces grandes têm a opção de contratar uma transportadora. Para os pequenos, a saída é inovar. Uma alternativa é ter um ponto de retirada. Não precisa ser local próprio. Existem empresas que conectam lojas virtuais e lojas físicas que topam receber o produto e entregar para o consumidor. Você compra no e-commerce, pede para entregar na loja e só faz a retirada.

Uma startup está por trás da ideia. Ela foi criada pelo empresário João Cristofolini e dois sócios para gerenciar pontos de retirada de produtos comprados em e-commerces. “Começamos a estudar esse sistema de entrega de logística e vimos que era muito comum em outros países modelo com pontos de retirada.”

O e-commerce coloca o produto no site. O cliente compra e escolhe a forma de recebimento. Se for por ponto de entrega, ele digita o CEP de seu bairro e escolhe um ponto de retirada mais próximo. O e-commerce paga para a startup R$ 2,50 por produto entregue. O local de retirada fica com R$ 0,50 e uma boa propaganda do negócio.

“Achei bacana a ideia deles, como meio de divulgação da loja, para clientes que moram no bairro e não conheciam a loja ainda. Aumentou o fluxo de 5% a 10%”, diz o dono da ótica João Fernandes Salves.

A startup seleciona e treina os pontos de retirada, que precisam ter espaço para armazenar os produtos e também disponibiliza um programa de computador para o comerciante fazer o controle de entrada e saída de mercadoria.

“A gente tem mais de 100 pontos ativos em São Paulo e Rio de Janeiro, mais de mil pontos comerciais em processo de ativação e-commerces iniciando. Temos desafio grande de criar mercado novo no Brasil. Estamos educando, conscientizando mercado dessa solução”, fala Cristofolini.logistics-icons-vector-illustration-in-colors-style-11218

A loja virtual se responsabiliza pelo envio da mercadoria até os pontos de venda. Sven, do e-commerce de banners, está usando a solução desde o início do ano. Resolveu o problema da entrega em São Paulo. “Uma das características do e-commerce é poder entregar para várias regiões, mas dependendo do produto no Brasil isso fica inviável. No caso do banner, por exemplo, um deles pode custar R$ 20. Se for entregar no Nordeste, o frete pode sair por R$ 90, um pouco desinteressante”, diz Sven.

Para resolver esse outro problema, ele já tem uma solução. “Pensamos em produzir em outros locais, descentralizar a impressão, colocar em outros locais para que a gente possa não ter a dependência do frete e do tempo. A ideia é fazer Curitiba, Rio de Janeiro e Salvador”, completa o empresário.

Os Correios também disponibilizam para e-commerces o serviço ‘clique e retire’. O consumidor pega a encomenda em uma agência de fácil acesso para ele: é só apresentar o protocolo.

Referências: g1.globo.com

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