Vítimas de cartões clonados querem saber o endereço dos fraudadores. Por quê?

A seguinte cena se repete com bastante frequência:

Uma pessoa descobre alguma compra realizada ilegalmente em seu cartão de crédito, se dá conta de que foi vítima de fraude e, desesperada por mais informações, faz algumas buscas no Google e chega a algum blog especializado em segurança da informação. Nesse momento, o cliente percebe que este tipo de golpe infelizmente é muito frequente, mas que a legislação protege o portador e que é possível solicitar o reembolso daquela compra.

Ufa! Fim da história e final feliz para este consumidor!

Ummm… não.

Veja o que diz Felipe Held, da empresa Konduto, especializada em soluções antifraude:

“Recebemos com bastante frequência e-mails de clientes vítimas de fraude com a mesma pergunta: Quero saber quem está fazendo estas compras! Como faço para que o banco me dê o nome e o endereço deste fraudador? Nas primeiras vezes em que vimos esta mensagem, admitimos, ficamos um pouco assim.  Mas depois, analisando um pouco a situação e se colocando na pele desta pessoa, pudemos entender. Há uma curiosidade em saber como, por que, quem está fazendo isso, o que foi comprado, onde o pedido foi entregue. Entender a fundo, construir uma história, ter imagens de personagens, de cenários… Acho que é normal, faz parte um pouco da nossa natureza. Eu mesmo, quando tive meu cartão clonado há alguns anos (casa de ferreiro espeto de pau, hehe), me fiz esses mesmos questionamentos.”

Como descobrir quem fraudou meu cartão?

Você provavelmente não descobrirá, desculpe te dizer. Mesmo que você entre em contato com o banco ou com o e-commerce que recebeu aquela transação fraudulenta. O cliente, por contrato, tem o direito de receber de volta o valor de uma transação não reconhecida em sua fatura. Mas estas instituições não são obrigadas legalmente a fornecer informações sobre o suposto comprador. E, mesmo que o façam, qual a chance de um criminoso ter utilizado os próprios dados pessoais, não é mesmo?

Mas nem o endereço de quem fez a compra?

Nem o endereço. Aliás, o que você faria com este tipo de informação? Iria até o endereço da entrega para dar uma bronca no fraudador? Será que realmente vale a pena? E se você for uma pessoa que mora no município de Oiapoque, no norte do Amapá, e descobre que o seu cartão foi utilizado para uma compra fraudulenta em Santa Vitória do Palmar, localizada no sul do Rio Grande do Sul e a 20 km da fronteira com o Uruguai? Você realmente iria se deslocar até lá?

Provavelmente, quem clonou o seu cartão não é alguém do seu círculo social e sequer mora na mesma cidade que você. E de nada adianta saber onde esta pessoa mora ou onde a mercadoria foi entregue… Sem falar que é perigoso, né?

Ah, e outra coisa:

Fraudes dificilmente serão investigadas

E isso é uma triste realidade. É impossível investigar criminalmente as fraudes contra e-commerces, e os números nos mostram isso.  Estudos mostram que só em 2017, ocorreram mais de 6 milhões de tentativas de compras com cartões clonados no Brasil. São quase 17 mil tentativas de delito por dia.

Sejamos realistas: qual a chance de que 0,1% deste total seja investigado?

A Justiça não investigará a clonagem de cartão que você sofreu, e aconselhamos que você não queira fazer justiça com as próprias mãos também, ok?

Mas isso não impede você de fazer a sua parte, que é abrir um Boletim de Ocorrência para registrar o ocorrido e colaborar com as autoridades. Se o problema será investigado ou não jamais saberemos, mas você terá feito a sua parte.

Nós sabemos, é muito frustrante sofrer um golpe deste tipo e ter que gastar tempo ligando para o banco, solicitar o cancelamento do cartão, esperar o reembolso e aguardar a chegada de um plástico novo…

Mas não se esqueça: o consumidor, por lei, está protegido. E o cartão de crédito ainda é o meio mais seguro para o cliente realizar pagamentos na internet.

 

Referências: ecommercenews.

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